17 de fevereiro de 2009

Que venha o amor...de novo



O amor aparece enquanto a gente não o espreita. Frase feita, mas é verdade.
Um dia, a gente não sabe porquê, um olhar enviesado nos atravessa o peito e nos tira o prumo e o fôlego.
E a gente, tão fria e racional, se vê desnuda, o coração na boca, aparente, esgarçado.
Procura-se e desculpa-se a falha. E busca-se no escondido das nossas vidas mornas – “onde errei?”
Porque, afinal, se apaixonar não estava no contrato.
E a gente luta e se esconde, bate a porta na cara do amor enquanto a paixão ri, tirana, já dentro, já dona.
Dona do pedaço, do espaço, da batucada em que se transforma o peito, que ribomba num barulho tão alto que se imagina que a cidade toda vai escutar. E dançar com a gente.
Na tentativa inerte de ainda racionalizar alguma coisa, pede-se para que o amor venha nos convencer. Não é bem assim. Ele tá pensando o quê? Entra como se tivesse sido convidado? Na maior cara de pau?
Mas aquele sorriso... Já nos mostra que estamos vencidos. Que jogamos a toalha.
Por mais que se corra, o amor nos pega um dia.
Aproveita-se do cansaço, da inércia, do medo, da insipidez, e nos toma – refém dos seus caprichos.E a gente nem liga.
E quer mais. Esquece-se que pode não ser o ultimo amor, mas ora!, que venham todos os amores, com todos os toques e gostos. Com suas reviravoltas de estômagos e frios na barriga.
Que se esgueire pelas frestas das portas e janelas, se acumule nas rendas e lençóis, e que nos deixe assim com essa cara de bobo que só os que amam têm.
Que venha o amor, apesar do frio lá fora. Da chuva que faz barulho na argila do telhado, do vento balançando o toldo com estrondo.
Ao longe tudo está descolorido, pardo. E nem se consegue ver a linha que separa o céu do mar, pois o inverno caiu pesado, no bairro, na cidade, na praia com seus barquinhos tiritando emparelhados. Mas não caiu em mim.

3 comentários:

O Poeta do Bar disse...

Lindo texto!

Saudades

Bj,

Argento

Daisy Melo disse...

que saudades meu amigo!
quando vai aparecer por aqui, de novo?
Pedra de Guaratiba te aguarda!

beijos

Helena disse...

Que venha o amor! Lindo e apaixonado texto. Nunca é tarde para vento nos beirais.

grande beijo e parabéns,

Mhel